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Por que o curso de Psicologia passou a ser tão procurado?

por Renan Sales última modificação 19/02/2019 11h36

19/02/2019 11h36

Da Revista QB - Quero Bolsa*

Nos últimos anos, a preferência pela graduação em Psicologia vem despontando entre cursos bastante tradicionais como MedicinaAdministração e Direito.

A relação candidato/vaga no vestibular da Fuvest, por exemplo, um dos maiores do país, mostra um pouco essa realidade. No processo seletivo 2019, foram 61,78 candidatos/vaga, perdendo apenas para Medicina.

Ele também aparece entre os 10 maiores cursos de graduação em número de matrículas em 2017, segundo o Censo da Educação Superior 2017.

Fonte: Censo da Educação Superior 2017

 

Em 2016, estava entre os cursos mais procurados na rede privada de ensino, segundo o Mapa da Educação Superior 2018, divulgado pelo Semesp (Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo).

Fonte: Mapa da Educação Superior 2018

Já no site Quero Bolsa, plataforma que reúne cerca de 1.200 faculdades de todo o país que oferecem descontos e bolsas de estudo, a procura pelo curso vem aumentando a cada ano. Nos últimos três anos, o interesse cresceu consideravelmente. Em 2016, foram 2.077 matrículas em Psicologia. No ano seguinte, 3.141. Em 2018, os números mostram mais um salto, com 3.915 matrículas.

O que pode explicar esse aumento de interesse pelo curso de Psicologia?

De acordo com o professor Marcos Vinicius de Araújo, coordenador do curso de Psicologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, a explicação para esse crescimento na procura pelo curso pode estar no fato de a sociedade moderna, em seu processo de globalização, colocar cada vez mais as pessoas em condição de sofrimento psicológico, causado pelo enfraquecimento dos laços afetivos, despersonalização das relações, referências muito provisórias. “Esses fatores fazem com que áreas como a Psicologia, que têm papel fundamental na melhoria da qualidade de vida das pessoas e das instituições, acabem sendo mais procuradas”,  ressalta Marcos.

O curso de Psicologia é um curso que muitas pessoas gostariam de ter feito além da formação que têm. As pessoas possuem uma imagem positiva da Psicologia e do psicólogo. Diversas pesquisas já mostraram que o psicólogo é visto como alguém que ajuda as pessoas em suas dificuldades.

"Talvez, o aumento de interesse esteja relacionado a essa imagem e ao aumento das dificuldades das pessoas em um mundo que se modifica rapidamente e nem sempre oferece as melhores condições para as pessoas desenvolverem-se plenamente. A procura pelo curso reflete esse interesse em ajudar pessoas, em geral em uma visão estereotipada de oferecer o atendimento individualizado da psicoterapia, que é um mercado bem concorrido especialmente em grandes centros. Apesar de positiva, essa imagem não reflete o que a Psicologia estuda, ou seja, a ciência estudada durante o curso. As aplicações desse conhecimento vão muito além da psicoterapia ou de ajudar pessoas em dificuldades”, reforça Lisiane Bizarro, secretária Geral da Sociedade Brasileira de Psicologia, Professora do Instituto de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

As possibilidades de mercado

Outro ponto que pode explicar essa questão é a capacidade de o mercado oferecer mais possibilidades para esses profissionais. “É importante destacar também que a grande abrangência da atuação da Psicologia propicia aumento na empregabilidade desse futuro profissional”, lembra Marcos.

Segundo a coordenadora do curso de Psicologia da PUC-SP, professora Elisa Zaneratto Rosa, existem algumas pesquisas que caracterizam o perfil da profissão. Em 2013, um levantamento feito pelo Conselho Federal de Psicologia, que recebeu o nome de Quem é a psicóloga brasileira, já que é uma profissão com 90% de mulheres, trouxe uma mudança importante no modo como a Psicologia esteve inserida na sociedade.

Diferente de pesquisas anteriores, em que os profissionais liberais apareciam atuando em seus próprios consultórios, a partir dos anos 2000, houve um crescimento de políticas sociais públicas, ampliando o campo em que a Psicologia estava inserida. "O psicólogo saiu do consultório para estar em espaços coletivos, com trabalhos múltiplos, acompanhando as mudanças que estavam acontecendo na sociedade e aumentando discussões sobre drogas, emergências, desastres, implementação do ECA. Olhando a trajetória da profissão, houve uma mudança da inserção da Psicologia na sociedade e do perfil da profissão", conclui Elisa. 

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