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Aniversário de 10 anos da Faculdade Metodista é marcado por mensagem de paz

por Faculdade Metodista de Santa Maria — publicado 29/04/2008 14h00, última modificação 18/05/2016 16h36
Vice-reitor da UMESP, Clóvis Pinto de Castro, falou sobre o tema em palestra na instituição na sexta-feira (25/04)

29/04/2008 14h00 - última modificação 18/05/2016 16h36

Aniversário de 10 anos da Faculdade Metodista é marcado por mensagem de paz

A paz está relacionada a muitas variáveis como, por uma tradição jurídica, sociológica, pedagógica. Mas o Prof. Dr. Clóvis Pinto de Castro, vice-reitor da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) optou por falar em paz a partir da concepção judaica-cristã na palestra que proferiu na FAMES na sexta-feira (25/04), durante as comemorações do aniversário de 10 anos da faculdade. Dessa forma, destacou Shalom* como paradigma da cultura da paz no espaço público, observando que a maneira como construímos as cidades tem relação com a paz. “Nem todo mundo cabe no projeto da modernidade”, pois para o professor, quando se pensa em cultura da paz é preciso pensar em espaços da paz.

Falando de paz também sob a perspectiva de Paulo Freire, Clóvis Pinto de Castro observou que somos seres inacabados. “Estamos nos elaborando enquanto humanos. Nós vivemos entre o passado e o futuro, vivemos de memória. Somos seres históricos porque temos memória e esperança. Não estamos apenas no mundo, estamos com o mundo”, enfatizou.

Ampliando o significado da cultura da paz, o vice-reitor da UMESP abordou a questão das guerras, ressaltando que para que possamos viver em paz outros países pagam por isso. “Nós também somos imperialistas e vamos ser cada vez mais. Se o nosso país der certo, muitos outros vão pagar, pagar pela nossa água, pela energia e até mesmo pelo ar”, explicou ao destacar as riquezas naturais do Brasil.

Desse modo, no entendimento do professor, a paz mundial passa a ser uma utopia. “Na era da globalização deixou de ser possível alcançar a paz mundial, a paz nunca existiu de verdade em nenhum lugar do mundo”. Mas, se a paz mundial é inatingível, a paz local pode ser possível. “Resta-nos trabalhar, dia após dia, para alcançar a paz no plano local, restabelecendo situações transitórias de paz (...) a paz universal é como o desejo da imortalidade”, disse citando Umberto Eco.

Essa construção diária envolve ainda questões como democracia e cidadania, que devem ser fortalecidas na caminhada por uma cultura da paz. “Temos a democracia, mas não é uma democracia com justiça social. Ninguém nasce plenamente cidadão. Cidadania se conquista no cotidiano, ela é construída. Quando se pensa em cultura da paz é em cidadania que estamos pensando. Que vocês possam viver a cultura da paz com responsabilidade social e cidadania”, desejou aos presentes.

A partir da exposição do professor Clóvis Pinto de Castro, a Diretora de Unidade do IMC, profª Luciana Dias, disse ter se questionado como a instituição tem se colocado e como quer se colocar em relação à sociedade. “Queremos ser reconhecidos por um projeto acadêmico e pedagógico engajado com as questões centrais da vida”.

O debate seguiu com a intervenção da Coordenadora do curso de Direito da FAMES, Fernanda Tonetto, que acredita que o prognóstico de paz seja muito difícil. “Vivemos em um mundo em que as pessoas se ocupam diuturnamente em causar danos às outras para conquistar o seu espaço. Mas parte de nós praticar a paz no nosso dia a dia e a educação tem um papel importante nesse processo”.

Com um posicionamento otimista, Clóvis Pinto de Castro apresentou o seu entendimento de que as mudanças são uma questão de oportunidade. “Quando o país dá oportunidade às pessoas, as coisas começam a mudar. Quando vejo milhares de brasileiros querendo melhorar o país eu tenho esperança. São atitudes de se aproximar do outro, de se preocupar com o próximo que fazem a diferença” e concluiu “nós temos que ter a capacidade de sonhar, não deixem de sonhar, mesmo que para os outros possa parecer impossível”.

A palestra contou ainda com a participação de representantes do Movimento pela Paz em Santa Maria e do seu fundador, pastor Cláudio Cadorna de Castro, que apresentaram a proposta da ONG.

*Shalom – palavra do vernáculo hebraico, normalmente associada ao seu significado mais conhecido: “paz”. Contudo, uma tradução mais profunda do termo shalom não remete apenas à paz, ela representa um estado de harmonia, integridade, justiça, unidade e totalidade. Em síntese, significa bem-estar – uma plenitude de vida e realização pessoal, comunitária e social. É o ser humano em harmonia consigo mesmo, com o próximo, com a natureza e com Deus. Shalom é a imagem de uma sociedade em plenitude de vida, alicerçada na justiça.

Jornalista responsável: Ana Paula Nogueira

Foto:Gerson Brisolara